Espiritualidade e consciência sobre si
A busca espiritual pode ser vista como um ponto de partida para que o planeta se torne um lugar adequado para a continuidade humana. Se tomarmos o caminho do Ego, onde só há o Eu querendo saciar as vontades e desejos, acabaremos muito rapidamente como espécie.
Quando alcançamos certo grau de autoconsciência vemos as nossas atividades diárias com mais clareza, com propósito, e conseguimos assim encontrar uma dimensão ‘espiritual’ (nossa essência ou verdades pessoais) no cotidiano, assim temos mais autoconfiança para assumir a responsabilidade por nossas decisões (e suas consequências), tendo agora condições para sair do papel de vítima das circunstâncias.
Reforçando o querer estar onde se está, ou aceitando dizer ‘não’ para aquilo que não se quer, em qualquer âmbito da vida, trabalho, amizades, relacionamentos, etc. Estaremos mais conscientes dos movimentos do nosso mundo interno, e como ele se relaciona com o mundo externo, ficando assim mais em sintonia consigo mesmo.
Enquanto vivos, o único lugar que precisamos estar é dentro de nós, logo, deve ser nossa obrigação fazer com que nossa companhia seja a mais agradável possível, fazendo com que o mundo interno seja um ambiente organizado e prazeroso de se viver. Quando nos sentimos bem dentro de nós externamos esse equilíbrio, e nossa vida se expressa da mesma forma, se tornando mais positiva e brilhante.
Em ambos os casos, estando bem ou não, afetamos o mundo externo, e isso repercute na sociedade. Então, se tu achas que a coisa está indo mal no mundo, observe teu interior, e organiza ali primeiro. Aumentar a autoconsciência é ajudar o mundo a se tornar um lugar melhor, para todos. E agora, sabendo o quão desafiador é manter-se saudável, teremos mais empatia para auxiliar o próximo, caso necessário, ou pelo menos, não atrapalhar a caminhada do outro.
Mas a consciência sobre si só pode ser acessada quando entendemos como o mecanismo humano funciona, e o papel que a mente tem em tudo isso. E para explorarmos as diversas dimensões humanas podemos basear nossa exploração através dos conceitos da sabedoria oriental do Yoga, que vem discorrendo sobre esse tema já há alguns milênios.
Segundo a tradição do Yoga o ser humano é composto por diferentes dimensões, uma mais sútil que a outra, e com raios de ação distintos, sendo elas: física, energética, mental, emocional e espiritual. Cada uma delas engloba uma série de sistemas que trabalham em conjunto entre si, e quando um sistema está em desequilíbrio, em qualquer nível, todos os outros sentem a desarmonia. Mas por outro lado, quando reencontramos o equilíbrio em alguma das dimensões, as outras também buscam se harmonizar.
E o que define esse movimento de equilíbrio e desequilíbrio? O estimulo que damos com mais frequência em cada dimensão, e independente do aspecto que estimulamos, os outros sentem a reverberação do movimento, em conjunto, se reorganizando, como uma reação em cadeia. Então não importa o motivo pelo qual buscamos iniciar uma caminhada de autoconhecimento, nem qual tipo de prática escolhemos para isso, seja yoga, tai chi chuan, meditação, terapias, etc., o importante é começar, e continuar com perseverança no movimento de transformação, pois a clareza e a cura estão cada vez mais próximas a cada passo que damos na direção de si mesmo.
Tudo está dentro!
Por Leo Shivaluna
